19.9.04

Lembranças inoportunas de um trauma de infância

Estava me lembrando agora de uma cena muito lamentável da minha vida. Uma dessas que não se conta pra ninguém...
Quando eu tinha 09 anos de idade, me vi completamente apaixonada pelo meu vizinho de 11. Ai, o amor!!! Ele era tão enigmático, charmoso e relativamente sem-graça, que eu me vi obrigada a amá-lo de forma desesperada aos 09 anos de idade. Além de tudo isso, ele tinha algo no olhar que me atraia muito e me fazia perder a cabeça... era vesgo! Puts! Eu tenho verdadeira tara por vesgos. Ou seja: ele era o “homem” da minha vida naquela época (atualmente é o repórter do Pânico na TV).
O fato de ser meu primeiro amor dificultou em tudo o processo de paquera. Não sabia realmente como agir para chamar sua atenção. Mesmo porque nessa fase, garotos e garotas são inimigos mortais. Até que minha amiga, num súbito estalo de inteligência, teve uma idéia genial: fazer caminhada debaixo da janela dele. E lá fomos nós de manhã cedo.
Hoje eu acredito que não deveria estar muito bela com aquela bermuda de cóton aos 09 anos de idade. Eu parecia uma gazelinha. Só tinha joelho e orelha. Ainda mais com o corte de cabelo estilo “chitãozinho e xororó anos 80” que minha mãe insistia em manter na minha cabeça. Era ela mesma quem cortava meu cabelo (acho que ela não me amava muito naquela época... ou será que ela era contra o meu romance e queria me deixar menos interessante??? Hehehehe).
Sim, voltando ao assunto: eu e minha amiga começamos a corridinha e a fazer um pouquinho de barulho para chamar a atenção dele, até que ele apareceu na janela (morava no segundo andar). Ele permaneceu lá, observando a nossa malhação.
Meu coração disparou e, junto com ele, as minhas pernas. Fiquei tensa e corria cada vez mais rápido. Minha amiga começou a ficar cansada e eu continuava, mais veloz que um carro de fórmula 1. Até que resolvi olhar pra janela pra ver se ele continuava lá presenciando a minha performance atlética. E estava! E... que merda! Olhei bem na hora que tinha uma casca de banana na minha frente. Foi uma queda sinistra! Eu sou a única pessoa que eu conheço que escorregou numa casca de banana. E num momento de fundamental importância para a minha vida emocional.
É serio, escorregar em casca de banana até então era coisa de desenho animado pra mim. É algo tão comentado mas eu não conheço vários casos. Aliás, nesse momento, só lembro do meu! Talvez outras pessoas tenham caído dessa forma, mas é tão abominável que ninguém conta, né? =(
Foi muito constrangedor! Não olhei pra ele, claro, mesmo porque eu já estava ouvindo as suas risadas na janela. Hehehehehe. Eu acho errado isso! Não sei quem ria mais, ele ou minha amiga. Tá, concordo que deve ter sido engraçado, mas precisava ser na frente do meu amor?
Isso serviu para me ensinar coisas fundamentais na minha vida. Por exemplo, já se passaram 15 anos e até hoje eu sei que não devo correr e paquerar ao mesmo tempo. Já senti na pele (e feio) que não dá certo.
Muita coisa mudou. Acho que ainda fiquei apaixonada por ele algum tempo, mas acabou. Ah, tomei providências com o meu cabelo (até tirei da parede do quarto a foto que relatava de forma incrível essa época de desleixo da minha mamãe para com a minha pessoa! Hehehe). Minhas orelhas que ficavam expostas naquela época (e que se machucaram bastante com a queda), hoje estão cobertas pelo meu cabelo. A queda foi muito bizarra. Eu caí de lado, rolei e ainda bati o queixo no chão. A minha língua estava entre os dentes e cortou feito uma guilhotina... ah, e eu também engordei mais com a adolescência, disfarçando assim o joelho grande! Devo ter melhorado, apesar de ainda ser estabanada e me achar a mesma cara!
A única coisa que preservo com toda certeza, é a minha paixão por vesguinhos...
<3

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